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Artigos e Opinião

24/04/2015 - 07h53

Piada: PT decide não mais aceitar doações de empresas, em princípio, até junho!!! Agora falta contar a do papagaio...

Fonte: Veja.com / Reinaldo Azevedo (*)



O PT quer me matar de rir. Mas não vai conseguir. O partido cansou de suas relações com o mundo das empresas privadas e decidiu: não aceita mais doações legais desses entes. Que bom! Espero que não aceite também as ilegais. Porque, até onde sei, a lambança não se deu com as doações legais, né? Aliás, ao tomar a sua decisão, o próprio partido assegura não ter feito nada fora da lei. Entendi. O PT, então, ficou nos estritos limites do que permite a legislação, mas considera que a doação de empresas privadas está na raiz das suas atuais dificuldades. Mas por que estaria se tudo foi feito dentro da lei? Vai saber.
 
É claro que a decisão, na esteira do afastamento de João Vaccari Neto, o tesoureiro, que está preso, é puro golpe de marketing. Os jornalistas têm a obrigação de falar a verdade e de tornar público o que qualquer grande empresário conta, em off: faria ao partido a doação possível, dentro ou fora da lei, desde que não fosse prejudicado nos negócios.
 
Agora, então, eu passo a bola aos digníssimos da OAB. É isso o que vocês queriam, doutores? Vocês acham que é a legislação que torna canalha um… canalha? Quando é que a OAB vai cobrar o fim de toda legalidade para combater as ilegalidades? É ridículo!
 
Indução ao erro
 
O PT quer, com a sua “resolução”, induzir os demais partidos ao erro. Se o PT não mais aceitar doações de empresas — AS LEGAIS —, quem sabe os outros partidos sejam compelidos a fazer o mesmo… Assim, todos optariam pela clandestinidade, não é? E, sabem como é, na ilegalidade, quem pode mais chora menos.
 
É uma piada grotesca! Quando é que o PT vai declarar que não aceita mais a colaboração de sindicatos, por exemplo? Quando é que o partido deixará de aparelhar as Apeoesps da vida e assemelhados, que, na prática, fazem doações indiretas ao partido ao promover suas políticas?
 
A quem o PT acha que engana? Já foi o tempo em que uma patacoada como essa faria algum efeito. É bem verdade que a decisão, em princípio, só vale até junho, quando o partido faz o seu congresso. Se perceberem, até lá, que não emplacam a tese da proibição da doação de empresas, aí, sabem como é, eles podem mudar de ideia… Que preguiça provoca em mim essa velharia!




 
(*) Reinaldo Azevedo, jornalista, é colunista da Veja e Folha de S. Paulo. Escreveu, entre outros livros, 'Contra o Consenso', 'O País dos Petralhas' e 'Máximas de um País Mínimo',
 
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